Origens da família

ANGELO ZAGAGNIN E MARGHERITA MASETTO

Registros indicam que a Família Zagagnin, cujo sobrenome aparece também grafado em alguns documentos como Zaccagnin,  teve origem em um pequeno vilarejo chamado Caselle de’ Ruffi, atualmente uma Frazione (Distrito) pertencente ao Comune  (Município) de Santa Maria di Sala, na Província de Veneza, na Itália. Caselle de’ Ruffi que foi fundada no ano 840 d.C. pela família romana Ruffo (Rufus), conta hoje com uma população de aproximadamente 3500 habitantes e tem como padroeiro San Giacomo.
É importante ressaltar que a além do cognome Zagagnin (nome de família, que corresponde ao nosso sobrenome), a família Zagagnin possuía também um soppranome (que corresponde a um apelido ou alcunha, para identificar uma família, de acordo com uma característica que se destaque positiva ou negativamente, de forma a lhe atribuir um valor específico). O uso do soppranome justaposto ao cognome, era comum entre as famílias do Vêneto, para distinguir os vários ramos de uma mesma família e, desta forma, evitar casos de homonímia. Sabe-se por meio de vários documentos e através de relatos orais que o soppranome usado pela família Zagagnin era Busato (também grafado em alguns registros como Buzato ou Busatto), porém, não se sabe ainda qual era o significado que atribuía à família.
O ancestral mais antigo da família Zagagnin que se tem notícia até o momento chamava-se Angelo (Zagagnin Busato Angelo), nascido em Caselle de’ Ruffi por volta de 1795, local em que se casou com Margherita Masetto por volta de 1819.
Em Caselle de’ Ruffi (ou Caselle de Santa Maria di Sala, como é mais conhecida), Angelo Zagagnin e Margherita Masetto tiveram pelo menos um filho, chamado Giuseppe (Zagagnin Busato Giuseppe), nascido aos 12/04/1821.
Na década de 1830 a família de Angelo e Margherita passa a viver em um outro vilarejo, próximo a Caselle de’ Ruffi, chamado Vetrego, atualmente uma Frazione pertencente ao Comune de Mirano, na Província de Veneza, na Itália. Vetrego foi fundada no ano 1008 d.C. e possui atualmente população estimada de 1350 habitantes. O padroeiro de Vetrego é San Silvestro e o local é também conhecido por ser o berço da família de Carlo della Torre di Rezzonico, papa da Igreja Católica de 1758 a 1769, com o nome de Papa Clemente XIII.
Em Vetrego, Angelo Zagagnin e Margherita Masetto adquiriram uma propriedade rural, onde praticavam a agricultura de subsistência. Ali tiveram ao menos mais um filho, chamado Giacomo (Zagagnin Busato Giacomo), que nasceu por volta de 1840.
Giacomo casou-se em Vetrego no dia 08/08/1865 com Santa Calzavara (filha de Lorenzo Calzavara), com quem teve as filhas:
1.      Cattavina Pasqua (Zagagnin Busato Cattavina Pasqua), nascida aos 03/04/1866 e batizada no dia 04/04/1866;
2.      Maddalena Maria (Zagagnin Busato Maddalena Maria), nascida aos 03/10/1868 e batizada no dia 04/10/1868;
3.      Antonia (Zagagnin Busato Antonia), nascida aos 23/07/1876 e batizada no dia 26/07/1876.
Giacomo Zagagnin faleceu com 38 anos de idade, no dia 29/04/1879 em Mirano, na Província de Veneza, onde foi sepultado. Não se sabe a data de falecimento de Santa Calzavara, porém, ela era ainda viva quando o marido faleceu em 1879.
É bem provável que Angelo Zagagnin e Margherita Masetto tenham falecido e sido sepultados em Vetrego, porém, até o momento não localizamos seus registros de óbito.

 GIUSEPPE ZAGAGNIN E FELICITÀ SPOLAORE

O primogênito de Angelo Zagagnin e Margherita Masetto, Giuseppe (Zagagnin Busato Giuseppe), nascido em Caselle de’ Ruffi aos 12/04/1821, casou-se em Scaltenigo, também Frazione  de Mirano, no dia 13/02/1844, com Felicità Spolaore, nascida em Scaltenigo aos 26/05/1824, filha de Vicenzo Spolaore e Teresa Marcato. Sabe-se que Felicità teve ao menos um irmão, chamado Giovanni Spolaore, que nasceu em Scaltenigo aos 04/03/1917 e casou-se no mesmo local aos 19/01/1839 com Marianna Vesco, filha de Giacomo Vesco e Antonia Lorravini.
O casal Giuseppe Zagagnin e Felicità Spolaore teve em Vetrego cinco filhos:
1.      Barbara (Zagagnin Busato Barbara), nascida e batizada aos 19/06/1846;
2.      Emilio Silvestro (Zagagnin Busato Emilio Silvestro), nascido aos 07/10/1851 e batizado no dia 12/10/1851 - progenitor da família Zagagnin no Brasil;
3.      Giuliano (Zagagnin Busato Giuliano), nascido por volta de 1858;
4.       Angelo Maria (Zagagnin Busato Angelo Maria), nascido aos 31/05/1860 e batizado no dia 03/06/1860;
5.      Maria Maddalena Anna (Zagagnin Busato Maria Maddalena Anna), nascida aos 22/07/1862 e batizada no dia 26/07/1862.

Giuseppe e Felicità viveram, criaram os filhos e trabalharam em Vetrego até o fim de suas vidas. Ambos estavam vivos quando um de seus filhos, Emilio Silvestro, partiu para o Brasil em 1895 com a família em busca de uma vida melhor. Certamente esta partida foi motivo de dor para eles e para os outros familiares de Emilio, que foi o único a ter coragem de partir da Itália empobrecida, carregando o sonho, como muitos imigrantes daquele período de fazer a América, isto é, trabalhar e fazer fortuna no Brasil, para mais tarde retornar a sua pátria.
No dia 06/11/1895, exatamente dez dias após a partida de Emilio e sua família para o Brasil, quando estes estavam ainda atravessando de navio o Oceano Atlântico, Giuseppe Zagagnin faleceu em Veneza, com 74 anos de idade. Felicità Spolaore viveu ainda vários anos, vindo a falecer no dia 26/06/1909 em Vetrego, com 85 anos de idade. Ambos foram sepultados em Vetrego.
Até o momento desconhecemos a descendência das duas filhas do casal, Barbara e Maria Maddalena, porém, sabemos que os três filhos varões (Emilio, Giuliano e Angelo), casaram-se e constituíram família em Vetrego.

Giuliano Zagagnin, terceiro filho do casal Giuseppe e Felicità, casou-se em Vetrego no dia 24/02/1881 (no religioso) e no dia 13/03/1881 (no civil), com Antonia Francesca Bollato, filha de Angelo Bollato. Juntos tiveram os filhos:
1.      Giovanni (Zagagnin Busato Giovanni), nascido e batizado aos 09/08/1881;
2.       Carolina Felicità (Zagagnin Busato Carolina Felicità), nascida aos 01/04/1887, batizada no dia 03/04/1887 e falecida no dia 31/03/1971 em Dolo (Veneza).
Até o momento não se sabe quando Giuliano e Antonia faleceram, porém, eles são citados como ainda vivos em uma carta datada de 08/12/1919, enviada aos Zaganin do Brasil pelos parentes italianos que viviam em Mira-Taglio (Frazione pertencente ao Comune de Mira, Província de Veneza).

Angelo Zagagnin, quarto filho do casal Giuseppe e Felicità, casou-se em Vetrego aos 27/11/1889 (no religioso) e no dia 22/12/1889 (no civil), com Luigia Carolina Bollato, filha de Lorenzo Bollato. Juntos tiveram os filhos:
1.      Filomena Amelia (Zagagnin Busato Filomena Amelia), nascida aos 12/06/1881, registrada no civil no dia 13/06/1881 e batizada no dia 14/06/1881. No dia 14/07/1914 Filomena casou-se em Mirano (Veneza) com Iginio Baso. Ela faleceu em Mirano (Veneza) no dia 21/09/1964;
2.      Appolonia Giuseppina (Zagagnin Busato Appolonia Giuseppina), nascida aos 09/02/1896 e batizada no dia 15/02/1896. Foi casada com um homem da família Vesco e alguns de seus descendentes ainda vivem em Vetrego. Ela faleceu em Mirano (Veneza) no dia 18/09/1985;
3.      Elvira Anna (Zagagnin Busato Elvira Anna), nascida aos 24/07/1897 e batizada no dia 25/07/1897. Faleceu em Mirano (Veneza) no dia 15/06/1964.
4.      Giuseppe Sante (Zagagnin Busato Giuseppe Sante), nascido aos 09/10/1900 e batizado no dia 13/10/1900. Faleceu em Mirano (Veneza) no dia 15/07/1941;
5.      Velia Maria (Zagagnin Busato Velia Maria), nascida aos 25/02/1906 e batizada no dia 04/03/1906. No dia 29/11/1930, Velia casou-se em Mirano (Veneza) com Giulio Scantamburlo. Ela faleceu em Noale (Veneza) no dia 01/09/1997.
Angelo Zagagnin, faleceu em Mirano (Veneza) no dia 24/02/1937, com 76 anos de idade. Não se sabe a data de falecimento de Antonia Bollato, porém, ela era ainda viva quando o marido faleceu em 1937.

 EMILIO SILVESTRO ZAGAGNIN E ANTONIA CORÒ

Emílio Silvestro Zagagnin, o segundo filho do casal Giuseppe e Felicità, é o patriarca da família Zagagnin no Brasil. Ele nasceu em Vetrego di Mirano aos 07/10/1851 (conforme documento de alistamento militar registrado no Archivio di Stato di Venezia) e foi batizado no dia 12/10/1851 (de acordo com o Livro de Registros de Batismos da Paróquia San Silvestro de Vetrego).
Emilio casou-se no Comune de Mira (Veneza) no dia 13/02/1875 (no religioso) e no dia 13/08/1876 (no civil), com Antonia Corò, nascida em Mira em 1854, filha de Giuseppe Corò e Maria Celini. É importante salientar que em diversos documentos o sobrenome de Antonia aparece também grafado como Corrò (as duas formas Corò e Corrò são difusas na Itália há centenas de anos).
O casal Emilio e Antonia passou a morar na propriedade rural da família Zagagnin em Vetrego, onde trabalhavam como contadini (agricultores), seguindo a tradição familiar. Em Vetrego tiveram oito filhos:
1.      Maria Luigia Giovanna (Zagagnin Busato Maria Luigia Giovanna), nascida às 03h00 do dia 24/06/1876 e batizada aos 25/06/1876;
2.      Os gêmeos Giovanni Primo (Zagagnin Busato Giovanni Primo) e Rosa Seconda (Zagagnin Busato Rosa Seconda), nascidos aos 18/06/1880 e batizados nos dia 20/06/1880. Ele nasceu às 15h00 e ela às 15h30 – Giovanni Zagagnin é meu bisavô;
3.      Fortunato (Zagagnin Busato Fortunato), nascido às 15h00 do dia 15/08/1882 e batizado no dia 17/08/1882;
4.      Filippo Silvestro (Zagagnin Busato Filippo Silvestro), nascido às 22h00 do dia 29/04/1885, batizado no dia 03/05/1885 e registrado no dia 29/06/1885;
5.      Giorgio (Zagagnin Busato Giorgio), nascido às 04h00 do dia 09/03/1888 e batizado no dia 10/03/1888;
6.      Os gêmeos Giovanna Maria (Zagagnin Busato Giovanna Maria) e Giuseppe Verginio (Zagagnin Busato Giuseppe Verginio), nascidos às 15h00 do dia 02/03/1894 e batizados aos 03/03/1894. Giuseppe faleceu às 12h00 do dia 03/03/1894 e Giovanna faleceu às 03h00 do dia 19/03/1894.

Após a Unificação da Itália em 1861, o país passou a enfrentar um longo e intenso período de fome, miséria e devastação, que afetou todas as classes da sociedade. A partir de 1870, muitos italianos começaram a imigrar em número significativo para o Brasil, que estava carente da mão de obra para as lavouras de cana-de-açúcar e de café, uma vez que em 1850 tinha sido criada a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico negreiro e, consequentemente, diminuía a mão-de-obra escrava.
Diante das transformações socioeconômicas em curso no norte da península itálica, que afetaram sobretudo as propriedades rurais, muitos italianos se viram impulsionados a deixar sua pátria e tentar a sorte na América. Foi assim, que Emilio Zagagnin resolveu partir com a esposa e filhos para o Brasil em busca de uma vida mais promissora.
Segundo o Livro de Registro de Imigrantes da Hospedaria de Imigrantes de São Paulo n.º 051/Fl. 458, a família de Emilio Zagagnin embarcou aos 27/10/1895 no Navio Fortunata R, procedente do Porto de Gênova, na Itália, e desembarcou aos 18/11/1895 no Porto de Santos, no Brasil. A viagem que durou 23 dias era monótona e parecia não ter fim, ainda mais se pensarmos na precariedade das instalações do navio em que viajavam. De acordo com relatos orais, alguns não suportavam a travessia e morriam no caminho, outros até mesmo se suicidavam, como foi o caso do tripulante Pietro Restello, que também estava nessa viagem.
Contudo, apesar da más condições da viagem e do medo do desconhecido, Emilio Zagagnin carregava no peito a esperança de estar fazendo a coisa certa, acreditava que no Brasil teria melhores chances de criar e educar seus filhos.
Ao chegar no Brasil, a família de Emilio se instalou em uma fazenda do recém criado distrito de Santa Cruz da Estrela, pertencente ao município de Santa Rita do Passa Quatro – SP, onde foram contratados para trabalhar na lavoura do café. Ali, nasceu o nono e último filho do casal, Natale Zagagnin, aos 24/12/1897, o primeiro Zagagnin nascido em terras brasileiras.
Em 1898 a família Zagagnin transferiu-se para a fazenda Tambacy, localizada no município de Tambaú – SP, para continuarem na lida do café. Naquela fazenda Emilio e Antonia acabaram de criar os filhos e permaneceram até falecerem.
Emilio Zagagnin faleceu às 20h00 do dia 02/08/1918, em seu domicílio na fazenda Tambacy, com 66 anos de idade, tendo como causa da morte: colapso cardíaco. Foi sepultado no cemitério de Tambaú – SP.
Sabe-se por relatos orais que Antonia Corò faleceu por volta de 1912, em seu domicílio na fazenda Tambacy, porém, seu óbito ainda não foi localizado. Foi sepultada no cemitério de Tambaú – SP.

8 comentários:

  1. Parabenizo o organizador das informações, pela iniciativa e conteúdo publicado. A consulta foi muito útil para auxiliar um amigo em busca de informações sobre seus bisavós (Clemente Melotti e Maria Zagagnin). Grata!

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    1. Eu Antônio dercy melotti, filho de Osvaldo melotti, neto de João melotti, bisneto de clemente melotti, gostaria de saber onde foi sepultado Clemente melotti.

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    2. Olá Antonio. Não posso afirmar com certeza, mas várias pessoas me disseram que Clemente Melotti e Maria Zagagnin estão sepultados em Olímpia - SP.

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    3. Bom dia Paulo!
      Parabéns pelo blog! Sensacional! Muito útil mesmo!
      Talvez você consiga me ajudar sobre o Clemente Melotti e Maria Zagagnin. Pelo que entendi eles foram sepultados em Olímpia, entrei em contato com o cartório de registros para buscar a certidão de óbito(para coleta de documentos para passaporte Italiano) e me solicitaram a data de sepultamento, ou até mesmo a DÉCADA. Por acaso você possui essa informação?

      Abraços!!!

      Thiago Melotti

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    4. Olá Thiago, infelizmente não sei a data de falecimento deles, mas vou ver com outros parentes se alguém sabe pelo menos aproximadamente quando foi. Me envia um e-mail (doctorzaganin@hotmail.com) que fica mais fácil para nos comunicarmos.

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    5. OK Paulo

      Estarei lhe enviando um e-mail para nos comunicar melhor.

      Só um detalhe, entrei em contato com o cartório de registro de Olímpia e eles solicitaram entrar em contato com o cemitério de Olímpia.
      Entrei em contato solicitando se eles sabem a data de sepultamento do Clemente, ou da Maria. Só encontraram o documento da Maria, onde consta data de sepultamento 04/11/1936. Acredito que a data do Clemente não seja tão distante...

      Vamos nos falando.

      Muito obrigado!

      Thiago Melotti

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  2. Olá Paulo. é uma opção ótima, foi em Olímpia que eu consegui a certidão de nascimento de João Melotti e também a certidão de óbito, entrarei em contato com o cartório de registro civil de Olímpia, pois só me falta a certidão original de nascimento e óbito de Clemente Melotti, meu bisavo.

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